terça-feira, 23 de abril de 2019

O texto poético

Para saberes mais, consultas os links, dos quais se apresentam excertos:

https://conceito.de/texto-poetico

    Um texto é um conjunto de signos, codificados num sistema, com o intuito de transmitir uma mensagem. A poesia, por sua vez, está associada à carga estética das palavras, especialmente quando estão organizadas em verso.
  O texto poético é, portanto, aquele que apela a diversos recursos estilísticos para transmitir emoções e sentimentos, respeitando os critérios de estilo do autor. Nas suas origens, os textos poéticos tinham um carácter ritual e comunitário, embora tenham aparecido outras temáticas ao longo dos anos. Os primeiros textos poéticos, por sua vez, foram criados para serem cantados.

https://segundociclo.webnode.pt/products/texto-poetico/










terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

Arcaísmos e neologismos

Fonte: http://portugues-fcr.blogspot.com/2017/11/arcaismos-e-neologismos-i-g-49.html


1. Complete o verbete de arcaísmo com as palavras indicadas.


arcaísmos           desuso                 época                   arcaísmo             antigo (2X)

                Arcaísmo é a palavra ou expressão que entrou em _______________ numa língua. O ______________ pode ter um efeito estilístico quando ocorre para recuperar a virtualidade de um termo __________________. Tal acontece na literatura, quando um escritor insiste em não deixar morrer um termo ______________ que lhe é caro por algum motivo. Por exemplo, o romance histórico convencional tem necessidade de recuperar a linguagem da ____________________ através de _____________ que asseguram a cor local.

2. Dentre a seguinte lista de palavras, assinale aquelas que atualmente são arcaísmos.
. vetustez                                . velida                                . relicário                             . luscar
. ca                                           . pingarelho                       . coita                                   . gamo
. semel                                    . mopa                                 . canastro                           . louçana
. madre                                  . carqueja                           . fiúza                                   . liteiro
. refrigério                             . belígero                            . xerém                                . samicas

2.1. Associe os arcaísmos aos significados apresentados abaixo.
. dor, desgosto: __________________     . geração, descendência: _____________________
. bela: __________________________   . jogar, divertir-se: ___________________________
. porque: _______________________    . talvez: ___________________________________
. confiança, fé: __________________       . formosa: _________________________________

3. Coloque em português atual as frases apresentadas.
a) Nem ei i barqueiro nem remador.
____________________________________________________
b) Que soidade de mha senhor ei.
____________________________________________________
c) que ma leixe, se lhi prouguer, ver.
____________________________________________________
d) Dona fea, nunca vos eu loei.
____________________________________________________

4. Em cada uma das alíneas seguintes, indique se a palavra é um arcaísmo ou um neologismo.
a) clicar: ____________________                          b) ren: ____________________
c) vossemecê: ________________                         c) piratear: _________________

5. Estabeleça a correspondência correta entre a coluna A e a coluna B.

COLUNA A


COLUNA B
1. Sigla


a) Tic-tac (ruído produzido por um relógio)
2. Acrónimo


b) Credifone (crédito telefónico)
3. Amálgama


c) Face (Facebook)
4. Truncação


d) Show (espetáculo)
5. Empréstimo


e) SLB (Sport Lisboa e Benfica)
6. Extensão semântica


f) Salvar (guardar documentos informáticos)
7. Onomatopeia


g) DECO (Defesa do Consumidor)

6. Seleciona a alínea que completa cada frase de forma correta.

6.1. A palavra “setor” é
(A) um empréstimo.                                           (B) uma truncação.
(C) uma amálgama.                                             (D) um acrónimo.

6.2. Na frase, “A Lena atropelou o papagaio da Fonseca.”, a palavra sublinhada é
(A) um empréstimo.                                           (B) uma amálgama.
(C) uma truncação.                                                              (D) um acrónimo.

6.3. “UNICEF” e “TVI” são
(A) duas siglas.                                                      (B) dois acrónimos.
(C) um acrónimo e uma sigla.                          (D) uma sigla e um acrónimo.

6.4. Na frase “O portal da escola deu a alma ao Criador.”, a palavra sublinhada é formada por
(A) extensão semântica.                                   (B) conversão.
(C) empréstimo.                                                   (D) amálgama.

6.5. Na frase “O dossiê da Diana tem mais buracos que um queijo suíço.”, o termo sublinhado é
(A) uma amálgama.                                             (B) uma truncação.
(C) uma onomatopeia.                                       (D) um empréstimo.

6.6. Na frase “Hoje a Mariana tem consulta de gastro.”, o vocábulo sublinhado
(A) é uma amálgama de “gastroenterologia”.          (B) é uma truncação de “gastroenterologia”.
(C) é um acrónimo de “gastroenterologia”.                              (D) é um empréstimo.

7. Indique a truncação dos vocábulos apresentados:
a) fotocópia: ____________________                 b) metropolitano: ____________________
c) quilograma: ___________________                               d) telenovela: ____________________
e) José: __________________                                 e) hipermercado: ____________________

8. Os exemplos apresentados constituem exemplos de amálgama. Identifique as palavras que estão na origem de cada um.
a) cibernauta: ____________________             b) portunhol: _________________________
c) motel: ________________________             c) telemóvel: _________________________


. Correção.

Campo lexical e campo semântico

          Campo lexical é o conjunto de palavras ou expressões que se referem ao mesmo domínio da realidade.

          Por exemplo, se quisermos construir o campo lexical de vestuário, poderemos usar palavras como calças, camisola, meias, camisa, chapéu, sapatos, saia, vestido, etc.

          Outros exemplos:

               . campo lexical de futebol: estádio, jogador, bola, equipa, árbitro, golo...;
               campo lexical de escola: biblioteca, quadro, livros, cadernos, disciplina...;
               . campo lexical de pintura: quadro, pincel, tinta, cavalete, tela, exposição...;
               . campo lexical de floresta: pinheiros, faia, carvalhos, urso, caverna, pânta-
                  nos, lobo, javali, veado...
               . campo lexical de mar: barco, areia, onda, marinheiro...

          Já campo semântico designa o conjunto de todos os significados que uma palavra assume num determinado contexto.
          Por exemplo, «as palavras navegar, marear, velejar, sulcar, vogar, singrar, num determinado contexto podem ter um mesmo significado: NAVEGAR. Este campo semântico consiste, então, no conjunto de palavras que têm entre si o valor semântico comum de NAVEGAR. Todas estas palavras e expressões designam de forma diferente um mesmo conceito. » (in Infopedia).

          Outros exemplos:

               . campo semântico de bola: bola de futebol, bola de neve, bola de Berlim,
                                                           estás uma bola, etc.;
               . campo semântico de morte: bater a bota, partir, falecer, ir desta para
                                                             melhor, dar o badagaio, apagar-se;
               . campo semântico de :
                         - O bebé não queria comer a sopa, mas a bateu o pé.
                         - Isaltino jurou a pés juntos que não era culpado.
                         - O texto da Filomena não tem pés nem cabeça.
                         - Depois da luta, Agamemnon saiu com pés de lã.
                         - Os teus pés são feitos.
               . campo semântico de nota:
                         - A nota de cinco euros mudou.
                         - A minha nota musical preferida é o «mi».
                         - Que nota tiveste a Português?
                         - O golo do Messi é digno de nota.
               . campo semântico de luz:
                         - Os meus filhos são a luz dos meus olhos. (= são o meu orgulho,
                            são muito amados)
                         - A Maria já deu à luz. (= teve um filho)
                         - Subimos a persiana para dar luz à sala. (= iluminar)
                         - O esclarecimento do professor fez luz sobre a dúvida do
                            aluno. (= esclarecer)
                         - A direção da escola tem luz verde para fazer obras. (= autorização)
               . campo semântico de coração:
                         - O coração é um órgão do corpo humano.
                         - A minha tia tem um coração mole.
                         - És um coração de manteiga.
                         - A minha primeira namorada tinha um coração de pedra.
                         O Chiado é o coração de Lisboa.
                         - A minha mãe tem o coração perto da boca.
                         - A Vitória partiu o coração ao ex-namorado.
                         - Ela fez das tripas coração para manter o coração.
               . campo semântico de justiça:
                         - Praticar a justiça de Fafe. (= forma violenta de resolver os assuntos)
                         - O João disse de sua justiça. (= disse aquilo que pensava)
                         - Isso é justiça de funil. (= ser parcial mo uso da justiça)
                         - A polícia atuou com justiça. (= atuou de maneira justa, imparcial)
                         - A população fez justiça pelas próprias mãos. (= castigou ela própria,
                            sem recorrer as poderes competentes para tal)
                         - Os adeptos fizeram justiça a Jorge Jesus. (= reconheceram-lhe razão)
               . campo semântico de conta:
                         - Paguei a conta da água. (= despesa, fatura)
                         - Ele abriu uma conta fantasma. (= conta em nome de um cliente fictício)
                         - O João ajustou contas com a Joaquina. (= castigar, vingar-se)
                         - A justiça vai chamar Jorge jesus a contas. (= exigir explicações)
                         - O Pedro deu conta da limpeza da casa. (= realizar, fazer)
                         - Ela fez de conta que não ouviu. (= fingiu)
                         - A Sónia trabalha por conta própria. (= independentemente, por si
                            própria)
                         - Isso não são contas do meu rosário. (= não é da minha competência,
                            do meu interesse)
                         - As silvas tomaram conta do jardim. (= invadiram)
               . campo semântico de nuvem:
                         - Aquela nuvem está a tapar o sol.
                         - O professor foi às nuvens com a minha resposta. (=irritou-se)
                         - Caí das nuvens com a derrota no Porto. (= fiquei desiludido)
                         - O incêndio provocou uma nuvem escura que escondeu o céu.
                            (= fumo espesso)
                         - Uma nuvem de gafanhotos devastou o Egito. (= grande quantidade)
                         - A Joana anda nas nuvens com o novo namorado. (= anda feliz)
                         - Uma nuvem abateu-se sobre o rosto da Miquelina após a notícia
                            da morte da avó. (= ficou muito triste)
               . campo semântico de verde:
                         - A mação ainda está verde. (= não está madura)
                         - Aquela professora ainda não está muito verde. (= é muito
                            inexperiente)
                         - Que saudades dos meus verdes anos! (= juventude)
                         - A carne verde é desagradável. (= não salgada)
               . campo semântico de céu:
                         - O golo do Benfica caiu do céu. (= foi bem vindo ou foi casual)
                         - A Josefina foi para o céu. (= morreu)
                         - Os dejetos correm a céu aberto. (= ao ar livre, a descoberto)
                         - Os candidatos autárquicos prometem o céu e a terra. (= superou
                            obstáculos, usou todos os meios possíveis)
                         - Ele moveu céu e terra para provar a inocência do filho. (= fez todo
                            o possível)
                         - Aquilo foi de bradar aos céus. (= foi escandaloso, censurável)

Fonte: http://portugues-fcr.blogspot.com/2011/09/campo-lexical-e-campo-semantico.html



segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

Praticar a gramática

http://exerciciosdeportugues.pt/8o-ano-exercicios-portugues-online/
http://exerciciosdeportugues.pt/distinguir-modificadores-verbais-complementos/
https://fichas-de-estudo.blogs.sapo.pt/funcoes-sintaticas-classificacao-de-5127

Fonte: https://fichas-de-estudo.blogs.sapo.pt/

Correção
1.1. Modificador do grupo verbal
1.2. Sujeito
2.1. Sujeito
2.2. Predicativo do sujeito
3. Complemento direto
4. Vocativo
5. Complemento oblíquo
6. Modificador restritivo do nome
7. Complemento direto
8.1. Complemento indireto
8.2. Complemento indireto
9. Complemento direto
10. Complemento direto
11. Modificador do grupo verbal
11.1. Sujeito nulo expletivo (inexistente)
12. Modificador apositivo do nome
13.1. Sujeito composto
13.2. Predicativo do sujeito
14. Agente da passiva
15.1. Sujeito
15.2. Complemento direto







quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

Conto de Natal de Miguel Torga

"Natal", in Novos Contos da Montanha, de Miguel Torga

PPT: https://pt.slideshare.net/olgafrancisco/natal-15589637



"De sacola e bordão, o velho Garrinchas fazia os possíveis para se aproximar da terra. A necessidade levara-o longe demais. Pedir é um triste ofício, e pedir em Lourosa, pior. Ninguém dá nada. Tenha paciência, Deus o favoreça, hoje não pode ser - e beba um desgraçado água dos ribeiros e coma pedras! Por isso, que remédio senão alargar os horizontes, e estender a mão à caridade de gente desconhecida, que ao menos se envergonhasse de negar uma côdea a um homem a meio do padre-nosso. Sim, rezava quando batia a qualquer porta. Gostavam... Lá se tinha fé na oração, isso era outra conversa. As boas acções é que nos salvam. Não se entra no céu com ladainhas, tirassem daí o sentido. A coisa fia mais fino! Mas, enfim... Segue-se que só dando ao canelo por muito largo conseguia viver.


E ali vinha demais uma dessas romarias, bem escusadas se o mundo fosse de outra maneira. Muito embora trouxesse dez réis no bolso e o bornal cheio, o certo é que já lhe custava arrastar as pernas. Derreadinho! Podia, realmente, ter ficado em Loivos. Dormia, e no dia seguinte, de manhãzinha, punha-se a caminho. Mas quê! Metera-se-lhe na cabeça consoar à manjedoira nativa... E a verdade é que nem casa nem família o esperavam. Todo o calor possível seria o do forno do povo, permanentemente escancarado à pobreza.
Em todo o caso sempre era passar a noite santa debaixo de telhas conhecidas, na modorra de um borralho de estevas e giestas familiares, a respirar o perfume a pão fresco da última cozedura... Essa regalia ao menos dava-a Lourosa aos desamparados. Encher-lhes a barriga, não. Agora albergar o corpo e matar o sono naquele santuário colectivo da fome, podiam. O problema estava em chegar lá. O raio da serra nunca mais acabava, e sentia-se cansado. Setenta e cinco anos, parecendo que não, é um grande carrego. Ainda por cima atrasara-se na jornada em Feitais. Dera uma volta ao lugarejo, as bichas pegaram, a coisa começou a render, e esqueceu-se das horas. Quando foi a dar conta passava das quatro. E, como anoitecia cedo não havia outro remédio senão ir agora a mata-cavalos, a correr contra o tempo e contra a idade, com o coração a refilar. Aflito, batia-lhe na taipa do peito, a pedir misericórdia. Tivesse paciência. O remédio era andar para diante. E o pior de tudo é que começava a nevar! Pela amostra, parecia coisa ligeira. Mas vamos ao caso que pegasse a valer? Bem, um pobre já está acostumado a quantas tropelias a sorte quer. Ele então, se fosse a queixar-se! Cada desconsideração do destino! Valia-lhe o bom feitio. Viesse o que viesse, recebia tudo com a mesma cara. Aborrecer-se para quê?! Não lucrava nada! Chamavam-lhe filósofo... Areias, queriam dizer. Importava-se lá.


E caía, o algodão em rama! Caía, sim senhor! Bonito! Felizmente que a Senhora dos Prazeres ficava perto. Se a brincadeira continuasse, olha, dormia no cabido! O que é, sendo assim, adeus noite de Natal em Lourosa...


Apressou mais o passo, fez ouvidos de mercador à fadiga, e foi rompendo a chuva de pétalas. Rico panorama!
Com patorras de elefante e branco como um moleiro, ao cabo de meia hora de caminho chegou ao adro da ermida. À volta não se enxergava um palmo sequer de chão descoberto. Caiados, os penedos lembravam penitentes.
Não havia que ver: nem pensar noutro pouso. E dar graças!


Entrou no alpendre, encostou o pau à parede, arreou o alforge, sacudiu-se, e só então reparou que a porta da capela estava apenas encostada. Ou fora esquecimento, ou alguma alma pecadora forçara a fechadura.
Vá lá! Do mal o menos. Em caso de necessidade, podia entrar e abrigar-se dentro. Assunto a resolver na ocasião devida... Para já, a fogueira que ia fazer tinha de ser cá fora. O diabo era arranjar lenha.
Saiu, apanhou um braçado de urgueiras, voltou, e tentou acendê-las. Mas estavam verdes e húmidas, e o lume, depois de um clarão animador, apagou-se. Recomeçou três vezes, e três vezes o mesmo insucesso. Mau! Gastar os fósforos todos é que não.


Num começo de angústia, porque o ar da montanha tolhia e começava a escurecer, lembrou-se de ir à sacristia ver se encontrava um bocado de papel.
Descobriu, realmente, um jornal a forrar um gavetão, e já mais sossegado, e também agradecido ao céu por aquela ajuda, olhou o altar.

Quase invisível na penumbra, com o divino filho ao colo, a Mãe de Deus parecia sorrir-lhe. Boas festas! - desejou-lhe então, a sorrir também. Contente daquela palavra que lhe saíra da boca sem saber como, voltou-se e deu com o andor da procissão arrumado a um canto. E teve outra ideia. Era um abuso, evidentemente, mas paciência. Lá morrer de frio, isso vírgula! Ia escavacar o ar canho. Olarila! Na altura da romaria que arranjassem um novo.


Daí a pouco, envolvido pela negrura da noite, o coberto, não desfazendo, desafiava qualquer lareira afortunada. A madeira seca do palanquim ardia que regalava; só de cheirar o naco de presunto que recebera em Carvas crescia água na boca; que mais faltava?
Enxuto e quente, o Garrinchas dispôs-se então a cear. Tirou a navalha do bolso, cortou um pedaço de broa e uma fatia de febra e sentou-se. Mas antes da primeira bocada a alma deu-lhe um rebate e, por descargo de consciência, ergueu-se e chegou-se à entrada da capela. O clarão do lume batia em cheio na talha dourada e enchia depois a casa toda. É servida?
A Santa pareceu sorrir-lhe outra vez, e o menino também.
E o Garrinchas, diante daquele acolhimento cada vez mais cordial, não esteve com meias medidas: entrou, dirigiu-se ao altar, pegou na imagem e trouxe-a para junto da fogueira.
— Consoamos aqui os três - disse, com a pureza e a ironia de um patriarca.
— A Senhora faz de quem é; o pequeno a mesma coisa; e eu, embora indigno, faço de S. José."